A DUREZA DE DEUS
A DUREZA DE DEUS
No decorrer da história bíblia percebemos uma infinidade de formas e maneiras de Deus atuar e trabalhar, bem como de tratar com seu povo e com seus servos em particular. Por vezes, alguns desses tratamentos divinos chocam os leitores das Escrituras, por parecerem bem diferentes de um Deus amoroso e gracioso, por isso, vale considerar isso sob a perspectiva certa. Um dos personagens que se encaixam bem nesta realidade é Moisés. Há um episódio na trajetória deste homem que quero destacar aqui para entendermos melhor a questão em pauta.
O texto de Êxodo 4.24 afirma: “Estando Moisés no caminho, numa estalagem, encontrou-o o Senhor, e o quis matar”. Este versículo deixa claro que Moisés é quem estava ali, naquela estalagem. Mas por que Deus quis matá-lo, já que ele o havia chamado para liderar a saída do povo do Egito?
Não podemos esquecer que Moisés era a escolha de Deus para promover a libertação do povo de Israel da escravidão egípcia, bem como do poder de Faraó. Moisés tinha muitas obrigações a cumprir com Deus e por fazer parte da aliança ele precisava circuncidar seus filhos ao oitavo dia. Por alguma razão desconhecida Moisés se tornara inadimplente com Deus, pois não tinha realizado o rito da circuncisão no seu filho, o qual também era membro do povo que tinha aliança com o Senhor. Deste modo, Deus não iria permitir que o libertador por ele escolhido para libertar e liderar seu povo não cumprisse os termos da Aliança.
Mas o que parece é que Deus tomou uma medida drástica a fim de conduzir Moisés a obediência. É aí onde Deus intenta matar Moisés, talvez acometendo de uma enfermidade mortal. Diante deste cenário Zípora realiza então a circuncisão, talvez pelo fato de Moisés se encontrar impossibilitado devido aquilo que o acometeu da parte do Senhor. E logo que o rito foi cumprido o Senhor “desistiu” de matar Moisés.
“Moisés, você é um marido sanguinário” - disse Zípora, talvez este comentário indica que ela não aprovava aquela a prática, considerando este ritual hebreu um ato bárbaro. Com tudo, Deus aceita o tardio procedimento de Zípora e Moisés é restaurado.
É obvio que se fosse o propósito de Deus matar Moisés o que o impediria? Ele certamente o teria executado de imediato. Este acontecimento sinaliza claramente que o desígnio de Deus era fazer com que Moisés cumprisse os seus deveres. Deus obviamente não queria matá-lo objetivamente. O que pretendia era que Moisés obedecesse a sua lei e tivesse totalmente comprometido com Ele e assim com os seus preceitos, pois ele se tornaria um grande instrumento por meio de quem o Senhor daria a sua lei, a lei que regeria a Aliança com o seu povo.
Então o que vemos é que Moisés tinha saído com sua esposa e filhos para uma jornada no Egito que se relacionava a um grandiosíssimo projeto divino, mas antes de servir a Deus era necessário viver em obediência a Ele e cumprir o mandamento que Deus dera a Abraão para sua descendência.
Como podemos então entender isto? Há muitas conclusões que podem ser tiradas desta história, mas uma das principais é que Deus tem suas formas duras de tratar com seus servos, e na medida em que as reponsabilidades aumentam mais o tratamento de Deus se torna alto para com eles. Se queremos desfrutar de grande coisas de Deus temos que ter consciência que Ele também cobrará muito de nós, porque a quem muito é dado muito sempre será cobrado.
Diante do grande projeto de Deus Moisés enfrentou a grandeza do trabalhar Dele em sua vida, pois só é capaz de realizar grandes coisas para Deus aquele que passar pelo seu tratamento grandioso também. Todo aquele com quem Deus tem grandes histórias também deverão passar por enormes tratamentos de sua parte, de modo que muitas vezes enfrentarão a dureza Dele, para que assim possam estar aptos a cumprirem a missão designada a altura de suas exigências.
Miss Gilmara Diógenes